terça-feira, 6 de maio de 2014

Consórcio DRM analisa Brasil e Índia, e elege brasileiro para conselho diretor

Consórcio DRM faz de sua Assembleia Geral uma comemoração ao rádio digital
O Consorcio DRM (Digital Radio Mondiale) promoveu nos dias 26 e 27 de março, em Londres, sua Assembleia Geral (GA – General Assembly). O consórcio é uma entidade sem fins lucrativos, sustentada pela anuidade de seus membros, e tem a missão de divulgar e organizar o uso da norma de rádio digital DRM, um sistema aberto e livre. A direção do grupo DRM formada por empresários, pesquisadores e defensores do sistema digital se reuniu para analisar o avanço da rádio digital no mundo e participação do Sistema DRM no novo conceito de radiodifusão.
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Grupo de palestrantes ao final da primeira manhã

Brasil

O grupo ouviu do representante do Consórcio no Brasil, Marcelo Goedert, a informação de que todos os testes executados pelo sistema DRM no Brasil foram bem sucedidos, todavia, o Ministério das Comunicações deseja fazer novos testes com novos parâmetros, em todas as faixas de frequência. O DRM está colaborando com estes testes.
Goedert também foi portador de mensagem oficial do representante do governo federal, Otavio Pieranti, diretor do Departamento de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, que apesar de ausente, não deixou de participar do evento.
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Marcelo Goedert – representante do Consórcio DRM no Brasil, em sua palestra
 Pelo governo brasileiro, também esteve presente Bráulio Ribeiro, da Empresa Brasil de Comunicação. A EBC está organizando a implantação do DRM em um de seus transmissores de ondas curtas, em Brasília, e pretende fazer um teste técnico e um “teste social”. Este última visa medir o impacto social do novo meio nas sociedades do interior do país, na região amazônica.
O primeiro dia da reunião do Consórcio internacional DRM, que contou com a presença de representantes de países de todos os continentes, teve como destaque apresentações da Índia e do Brasil. Os dois países possuem características geográficas, populacionais e econômicas semelhantes.

Índia: Negócio de 3 bilhões de dólares/ano

Para atingir uma população de 1,2 bilhão de habitantes, a Índia tomou a decisão de adotar o sistema de rádio digital DRM em 2010. Hoje em dia, há uma rede de emissoras publicas – a All India Radio (AIR) – com 574 transmissores espalhados pelo país. São 144 OM, 48 OC e 382 de FM, cobrindo 100% da sua área territorial. A AIR Rádio transmite 72 horas por dia, em 27 línguas diferentes simultaneamente. Como o sinal da AIR Radio alcança outros países próximos, 15 das 27 línguas transmitidas são línguas não oficiais indianas.
Emitindo sinal digital com 72 transmissores, sendo dois “super transmissores” de 1.000 kilowatts cada, a AIR calcula atingir 70% da sua população. Para termos uma ideia da potência dos dois transmissores indianos, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro, a mais potente do Brasil transmite, em apenas 200 kW.
Predição de alcance em DRM30 na Índia
Predição de alcance em DRM30 na Índia
Transmissões em DRM não é exclusividade da Índia. A Nigéria possui desde 2012 três transmissores de 250 kW cada, Taiwan, Arábia Saudita, África do sul e Turquia também estão transmitindo.
Entre as apresentações, destaca-se o slide apresentado pela empresa suíça Ampegon, que ressaltou o crescimento de suas vendas de transmissores de ondas curtas para DRM e questiona: “Será o DRM o ressurgimento das ondas curtas?”. Seus negócios incluem: Uzbequistão, um transmissor de 100 kW SW; Bangladesh, um de 250 kW SW;  Taiwan comprou 10 transmissores de 300 kW SW cada; O Japão encomendou 4 de 250 kW SW cada e finalmente a Arábia Saudita cobre parte de seu território no deserto com três transmissores de 500 kW SW cada.

Governo apoia, Empresário responde

Mas o esforço da Índia em digitalizar o rádio para toda a população não se resume à capacidade de transmissão. Para um mercado de rádios de mesa ou portáteis, em veículos e telefones celulares, há forte investimento governamental. O representante do Consorcio DRM na Índia, Mr. Yogendra Pal, anunciou para os 150 representantes reunidos no histórico auditório da BBC de Londres, que o governo indiano abriu edital para aquisição imediata mais 800 receptores de rádio digital.
Em resposta ao edital recentemente aberto e outras iniciativas do governo indiano, o empresariado indiano rapidamente se movimenta para fazer parte deste mercado de mais de US$ 3 bilhões de dólares por ano. Apenas para o mercado de celulares, espera-se um movimento de US$ 200 milhões no primeiro ano.
O governo indiano está investindo pesado na tecnologia que deverá trazer de volta a participação do rádio num país em desenvolvimento, com população pobre e grandes extensões territoriais – exatamente como o Brasil. A Índia está promovendo campanhas publicitárias em todo o país incentivando o rádio digital, há uma forte recomendação – acompanhada de incentivos e facilidades – para emissoras FM privadas se digitalizem em DRM+, além de estar criando centros de treinamento para a nova tecnologia digital.
Em resposta, o empresário Ankit Agrawal, da Technical, Comumunication Inc., por exemplo, anunciou na reunião bienal do DRM em Londres, que já iniciou a produção em escala de receptores e espera que “até o inicio de junho inicie a venda de um lote de 800 mil receptores a preços baixos para a população indiana”.

Nova Zelândia: Transmitindo sinal digital para rádios analógicas

Na Nova Zelândia, o governo também assumiu importante papel no movimento de digitalização do sinal radiofônico. País repleto de ilhas, campos e florestas, na Nova Zelândia as rádios analógicas também se beneficiam da nova tecnologia digital, explicou o empresário suíço Josef Troxler, CEO da Ampegon, na reunião do consórcio DRM Internacional. “Atualmente a Radio New Zeland International transmite 20 horas de programação através de sinal digital DRM30, em para as ilhas do Pacífico na Oceania. Com um simples receptor DRM30, as emissoras FMs analógicas locais, situadas nas ilhas, podem retransmitir a programação com o som em estéreo e de alta qualidade em um processo denominado Re-broadcasting. O DRM30 em ondas médias ou curtas é utilizado como um “satélite terrestre”. Inclusive duas programações podem ser transmitidas simultaneamente e as emissoras escolhem qual colocarão no ar.

Aqui no Brasil

Se o Brasil ainda não adotou o radio digital, os empresários brasileiros já estão fincando pé no futuro do novo padrão de radiodifusão mundial. Duas importantes empresas da indústria brasileira de radiodifusão, BT Transmitters e Orbisonic, já são membros do Consórcio DRM e realizaram apresentações para o público internacional presente ao GA. O gaucho João Marcos Bertoldi, CEO da BT sediada em Porto Alegre, foi eleito membro do Steering Board da organização (Conselho Diretor). Iriceu Gerlach, CEO da fabricante de processadores de áudio Orbisonic, também gaúcha, de Gravataí, nos diz “Foi uma excelente oportunidade para conhecer de perto os avanços do DRM no mundo. É um sistema aberto que permite a todos desenvolverem produtos sem necessidade de licenças. O DRM é uma excelente oportunidade de negócios”.
Da esquerda para a direita: Iriceu Gerlach, Lucilena Bertoldi, Ruxandra Obreja e João Marcos Bertoldi.
Da esquerda para a direita: Iriceu Gerlach, Lucilena Bertoldi, Ruxandra Obreja e João Marcos Bertoldi.
Ainda no principal evento do GA, o Brasil apresentou três mensagens em vídeo. Do engenheiro Rafael Diniz, presidente da Plataforma DRM Brasil, que falou sobre a evolução das pesquisas sobre o middleware GINGA em DRM. Um vídeo da ABIRD (Associação Brasileira da Indústria da Radiodifusão), explicitando o seu apoio à implantação do sistema DRM no Brasil. E um terceiro vídeo, produzido pela AMARC Brasil (Associação Mundial das Rádios Comunitárias) ressaltando a recomendação da entidade internacional, especialmente no Brasil, pela adoção do DRM.
Ainda no dia 26 de março foi realizado um workshop com empresas integrantes do Consórcio demonstrando seus últimos lançamentos. A Radio Haugaland, da Noruega, uma FM comercial que transmite em DRM+ mostrou o software de controle de conteúdo RADIOHUB, onde o DJ da rádio recebe e distribui conteúdo para a tela do rádio digital DRM, pras mídias sociais, RDS e pro site da emissora ao toque da mão em uma única tela. Segundo o pessoal do RADIOHUB “é um sistema que usa as mídias sociais e a tela do rádio digital pra trazer ouvintes pra rádio”. Outros expositores foram a BBC (UK), Babcock International (UK), Fraunhofer IIS, (Alemanha), Digidia (França), Orbisonic (Brasil) que demonstrou seu processador de áudio pronto para o DRM, NXP (Holanda) que apresentou um novo chipset para receptores DRM em automóveis e Rfmondial (Alemanha).

Nova diretoria do Consórcio DRM

No dia 27 foi realizada a eleição da nova diretoria da organização. A presidente Ruxandra Obreja (BBC) foi eleita para mais um mandato de 2 anos. A grande novidade foi a eleição de dois brasileiros para o Steering Board (Conselho diretor): o Sr. João Marcos Bertoldi (BT Transmitters) e o Sr. Carlos Acciari (RFI). Com isto o Brasil ganha mais poder de decisão no planejamento estratégico do Consórcio DRM.
Reunião do Steering Board
Reunião do Steering Board
Mais conteúdo pode ser visto no Flick: https://www.flickr.com/photos/d
Por: Marcelo Goedert e André Camargo

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